terça-feira, 5 de maio de 2009

O Vale das Línguas

(Foto Ben Goossens)

Estive tantas vezes no Vale das Línguas que podia encontrá-lo de olhos fechados.
No alto do pórtico, Nosferatu regurgitava vespas incandescentes sobre a cabeça dos passantes. Após a entrada, um corredor polonês de seu séquito de sentinelas apontava suas lanças perpendicularmente. Era impossível atravessar o corredor sem ter a pele riscada e, algumas vezes, até a carne desfiada pelas afiadas línguas dos 80 guardiões. Já no Vale, os caminhos e atalhos sempre levavam ao mesmo lugar: à boca do mundo, onde todos eram engolidos, cedo ou tarde. Entretanto, alguns cuidados eram imprescindíveis, já que ferinas, peçonhentas e mortais línguas disputavam palmo a palmo os corpos que acabavam condenados ao Vale. A saliva que produziam causavam queimaduras, úlceras e lacerações. Por outro, lado existiam as voluptuosas, que preferiam circundar as zonas erógenas dos réprobos. Giravam em torno de seus mamilos e invadiam vulvas e ânus, causando-lhes furor e êxtase.

Em minhas andanças, sempre que caía no Vale, eu acabava deixando um pouco de mim...

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